A SpaceX está quase pronta para dar mais um passo importantíssimo no desenvolvimento do maior veículo lançador do mundo. O sétimo voo do Starship deve acontecer na próxima semana e será um marco do programa ao trazer mudanças bastante significativas em diversos subsistemas, buscando aumentar a confiabilidade, a capacidade de reutilização e o desempenho do veículo como um todo.
O que mudou?
O sexto voo do Starship foi o último da primeira versão do estágio superior, chamada de “Bloco 1”. Este novo lançamento será realizado com a versão “Bloco 2”, que conta com uma montanha de novidades em seu design, que foram sumarizados em uma publicação no site da empresa.
Flaps redesenhados
Uma das mudanças mais notáveis é a redução no tamanho dos flaps dianteiros da nave, que também foram reposicionados mais próximos da ponta do veículo e mais afastados do escudo de calor. Esta alteração não apenas diminui a exposição ao calor gerado durante a reentrada, mas também simplifica os mecanismos responsáveis pela movimentação destas superfícies aerodinâmicas e a aplicação das placas cerâmicas em seu entorno.
Nos voos de teste anteriores foi possível notar claramente que essas superfícies foram bastante agredidas durante a reentrada. E é impressionante que tenham sobrevivido por tempo o suficiente pra funcionarem bem o suficiente e terem um controle tão preciso durante o pouso. Dessa vez talvez as vejamos inteiras após o pouso!
Sistemas de propulsão
I have noticed a lot of people were a bit confused if the first block 2 Starship, S33, is taller than previous ships, and yes, it is exactly one ring taller!
— Boca Bingo (@BingoBoca) October 26, 2024
I made this quick infographic to showcase the evolution of the design over time.#SpaceX #S33 #Starbase #Starship pic.twitter.com/ZCUTQS6ezD
A capacidade de armazenamento dos tanques de propelentes dessa nova versão do estágio superior foi aumentada em 25% em detrimento de uma diminuição do compartimento de carga e um pequeno aumento em sua altura.
Além disso, as linhas que carregam os propelentes foram isoladas à vácuo e o sistema de alimentação dos motores Raptor Vacuum também foi alterado. A SpaceX também melhorou os aviônicos responsáveis pelo controle do veículo e pela leitura de sensores, melhorando o desempenho.
Escudo de calor
Segundo a SpaceX, o escudo de calor também deverá usar a última geração de placas cerâmicas e deverá incluir uma camada de backup para garantir redundância caso algumas delas caiam durante a missão, algo que se mostrou relativamente comum durante os 6 primeiros voos.
Assim como no voo anterior, algumas seções do escudo de calor tiveram placas removidas para a realização de testes de estresse. Segundo a empresa, também instalaram algumas placas com materiais alternativos e até com resfriamento ativo para testes.
Como tem sido dito desde o começo, esse é talvez o ponto mais desafiador em todo o programa de desenvolvimento do Starship. Sem um escudo de calor resistente, durável e de baixa manutenção, não há uma arquitetura totalmente e rapidamente reutilizável.
E o Super Heavy vai pousar?
Sim! A SpaceX planeja que o primeiro estágio do veículo realize a mesma manobra do quinto voo, pousando graciosamente nos braços da torre de lançamento. Segundo a empresa, os “chopsticks” foram um pouco modificados para adição de sistemas de proteção nos sensores da torre, que foram danificados durante o sexto lançamento e que causaram o abortamento da tentativa de pouso.
Static fire of the Flight 7 Super Heavy booster pic.twitter.com/xqfykcq7QU
— SpaceX (@SpaceX) December 9, 2024
Mas, da mesma forma que as missões anteriores, essa tentativa de pouso continua condicionada à parâmetros rígidos de operação. Se algo não estiver dentro do envelope de operação e se o envio do comando manual do Diretor de Voo, o booster deverá pousar no Golfo do México, da mesma forma que no 6° voo.
Liberação de satélites de teste
Além de uma nova reignição de um Raptor no espaço, a Starship realizará sua primeira tentativa de liberação de carga útil, um marco importante para validar sua capacidade de realizar missões comerciais e científicas no futuro.
Dez simuladores de satélites Starlink, projetados para replicar as características de peso e tamanho da próxima geração de satélites, serão liberados na mesma trajetória suborbital da nave, que deve realizar um pouso no Oceano Índico.
Quando será o lançamento?
Por enquanto o lançamento do sétimo voo de teste do Starship deverá acontecer no dia 10 de janeiro de 2025. Claro, mudanças são sempre possíveis nestes planos, mas a SpaceX mostrou nos últimos voos que suas operações estão fluidas o suficiente para que algo assim de fato se torne realidade.
Será o início de um ano muito empolgante!